terça-feira, 7 de setembro de 2010

SOBRE ESTAR SOZINHO...

Não é apenas avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de Amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual existe a individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, e, que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo está fadada a desaparecer neste início de século. O Amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher; ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.
A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra ordem deste século é parceria.
Estamos trocando o Amor de necessidade, pelo Amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Como o avanço tecnológico, exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa alguma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem que ir se relacionando para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo.
O egoísmo não tem energia própria, ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nossa forma de Amor, ou mais Amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o individuo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa.
As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O Amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é significante ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...
Dr. Flávio Gikovate

domingo, 5 de setembro de 2010

A importância de brincar

As brincadeiras e toda riqueza de aprendizado que essas experiências possibilitam, tanto para os filhos quanto para os pais, estão ficando em segundo plano.
A ausência desse potencial lúdico tem relação direta com a avalanche de crianças com distúrbios de aprendizagem ou com transtornos comportamentais.
Uma infância estimulante exige passatempos apropriados (eles variam de acordo com a faixa etária). Quando essas atividades são feitas, também, na companhia dos pais, a criança tem chance de experimentar formas saudáveis de competição. Trata-se de uma simulação que ajuda a trabalhar os medos e a insegurança, deixando as crianças muito mais à vontade para enfrentar os desafios.
Além disso, a maioria das atividades exige bastante concentração para ser realizada. Só isso já chega a ser desafiante, principalmente entre os mais agitados.
Mas nada de isolar a criança de outros pequenos. A convivência com a mesma idade é fundamental para desenvolver o emocional infantil. Entre iguais, ela precisa se virar, encontrando maneiras de se expressar e fazer valer aquilo em que acredita.

Vínculos mais fortes
Mostre a seu filho que ele tem condições de ficar um tempo sozinho, ainda que sob supervisão no caso dos mais novinhos. Essa atitude aparentemente desprendida é uma estratégia poderosa para reforçar os vínculos familiares e fortalecer a confiança do seu filho.
Caso isso aconteça de forma tranqüila, as chances de que a criança venha a desenvolver um comportamento equilibrado são enormes. As relações emocionais em família antecedem quaisquer outras, servindo de modelo para o comportamento mantido fora de casa.
Não dá para tratar as crianças como adultos. É preciso respeitar os interesses próprios de cada idade e vibrar com as novas descobertas e estar por perto encaminhado as próximas.

Algumas dicas para estimular as crianças
De 0 a 1 ano
Mãe é a melhor diversão. Olhar, sorrir, conversar e pegar são brinquedos especiais no 1º ano.
0 a 3 meses – Objetos coloridos, macios, leves com som ou movimento. O bebê gosta de observar.
4 a 6 meses – O chocalho é uma atração universal para a criança que já pega coisas por iniciativa própria.
7 a 9 meses – Aparecem os primeiros dentes e os mordedores fazem sucesso. Começa a noção de ação e reação, por isso o bebê gosta de jogar coisas no chão para que os outros peguem. Jogar bola é uma diversão.
10 a 12 meses – Tamanho, forma e textura dos brinquedos atraem as crianças. Objetos para levar à boca são bons para exercitar os órgãos envolvidos na fala.
Antes de andar, deve ter espaço para rolar, engatinhar, sentar, ou seja, garantia de liberdade de ação.
De 1 ano a 1 ano e meio
A criança imita sons e reconhece objetos. Brincar diante do espelho e imitar animais. Músicas com coreografias associadas.
Adora brincar de espalhar e guardar tudo. Claro que do jeito dele.
Sugestões de brinquedos:
Caixote com objetos de formas geométricas;
Cubos, círculos e triângulos de plástico ou feltro;
Potes e tampas;
Panelinhas.
De 1 ano e meio a 2 anos
A criança já reconhece algumas cores e formas.
Sabe procurar e encontrar objetos que guardou.
Gosta de brinquedos que possa empurrar, puxar, encaixar e explorar com os dedos.
Adora descobrir como as coisas funcionam.
Sugestões de brinquedos:
Brinquedos de montar Bichinhos de plástico;
Cubos com formas vazadas para encaixar peças similares;
Carrinhos e caminhões;
Chaves.
De 2 anos a 2 anos e meio
Após os 2 anos a criança começa a descobrir o prazer de brincar com o outro. Ela já é capaz de assimilar muitas palavras ao mesmo tempo, construindo frases completas. Reconhece cores e formas. Compreende perfeitamente o significado da palavra NÃO. Classifica formas, cores e espessuras.
Sugestões de brinquedos:
Blocos lógicos;
Blocos de madeira com diferentes formas e tamanhos para fazer torres e pequenas construções.
3 anos
Nesta fase, papais e mamães precisam ter bastante disponibilidade para responder a todos os questionamentos da criança - Como? Quando? E a preferida: Por quê? Apesar da linguagem ainda estar em desenvolvimento, seu vocabulário já é bastante extenso; consegue comunicar-se com perfeição. A coordenação motora fina está mais segura. É nesta fase que a lateralidade (destra ou canhota) normalmente se define.
Sugestões de brinquedos:
Cubos de tecido, onde cada lado existe um treino motor como zíperes, botões e ganchos para abrir e fechar.
Cubos com tamanhos decrescentes e que se encaixam um dentro do outro, para serem empilhados.
4 anos
Agora a criança apresenta maior coordenação global e conseqüentemente coordenação fina. Começa a se interessar por brincadeiras coletivas e demonstra maior equilíbrio.
Sugestões de brinquedos:
Jogos em equipe com uso de bola e bastões
Bicicleta
Trabalhos manuais, com tesoura de ponta redonda e sob supervisão de adultos
5 anos
Treinamento e motricidade já bem definidos. A criança descobre a satisfação em tentar resultados diferentes e conseguir realizar trabalhos esteticamente bonitos. A gama de opções cresce bastante. Torna-se mais sociável, descobrindo o prazer de brincar em grupo.
Sugestões de brinquedos:
Modelagem em massinha, argila ou gesso
Canetas e caderno de desenho
Quebra-cabeças
Pular corda
Jogos coletivos com regras e objetivos mais elaborados
6 anos
A criança já é capaz de realizar diversas tarefas sozinha: troca a própria roupa, escova os dentes, dá laço em tênis. Bastante independente, já conhece a função de cada objeto. Surge um interesse maior por jogos eletrônicos e computador. Há bastante polêmica neste sentido, mas bem dosada a tecnologia estimula o raciocínio e o desenvolvimento de estratégias.
Sugestões de brinquedos:
Jogos eletrônicos
Jogos em computador
Bonecos e bonecas
Palavras cruzadas
Jogos com figuras e letras que representem a letra inicial do objeto
7 a 9 anos
Raciocínio lógico pode ser usado quase em sua totalidade, permitindo o trabalho com jogos de estratégias simples.
Sugestões de brinquedos:
Jogo da velha
Jogo de damas
Trilha
10 a 12 anos
Com o pensamento lógico desenvolvido em sua plenitude, podemos usar jogos mais complexos e estratégias que necessitem de abstração.
Sugestões de brinquedos:
Estratégias de guerra
Batalha naval
Jogos de tabuleiro que forcem cálculos, previsões, custos e lucros Jogos de conhecimento geral com perguntas e respostas das mais diversas áreas.

sábado, 4 de setembro de 2010

FASES DO GRAFISMO

Garatuja
Faz parte da fase sensório-motora ( 0 a 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer da maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente. Pode ser dividida em:

Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Ainda é um exercício.

Controlada ou Ordenada: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do traçado; interesse pelas formas.
Os rabiscos seguem o limite do papel.

Identificada: mudança de movimentos; formas irreconhecíveis com significado; atribui nomes, conta histórias. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, aparecem “sóis, radiais e mandalas”. A expressão também é o jogo simbólico.
Os rabiscos ganham nome: papai, nenê, mamãe.

Pré-esquemático
Dentro da fase pré-operatória, aparece a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Então aparecem as primeiras relações espaciais, surgindo devido à vínculos emocionais.
A figura humana, torna-se uma procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos.
Quanto a utilização das cores, pode usar, mas não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional.
• Boneco girino - Tem início o desenho da figura humana, com braços e pernas que saem da cabeça. Mais adiante, os membros saem do corpo.
• Exagero - Não há proporção nem perspectiva. As figuras são grandes ou pequenas demais.
• Omissão - Faltam partes do corpo ou do rosto. Um braço pode ser mais comprido que o outro.
• Justaposição - As figuras são misturadas na folha, sem linha de base (chão e céu). Não há organização espacial. O sol pode surgir na parte de baixo.

Esquemático
Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos).
Experiências novas são expressas pelo desvio do esquema.
Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido de espaço: linha de base.
Já tem um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo.
Aqui existe a descoberta das relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por experiência emocional.

Realismo
Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final desta fase.
Existe uma consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada.
Na figura humana aparece o abandono das linhas.
As formas geométricas aparecem.
Maior rigidez e formalismo.
Acentuação das roupas diferenciando os sexos.